RELATO DE CASO: NEUROPATIA DO NERVO ESPINHAL ACESSÓRIO PÓS COVID -19
TEMA:
Mão
FORMATO DE APRESENTAÇÃO:
Apresentação Oral
PALAVRAS-CHAVE:
Neuropatia; Covid-19; Acessório
Introdução: O nervo espinhal acessório possui fibras que surgem do núcleo espinhal em associação com as raízes c3 e c4. Sua lesão pode causar a paralisia do músculo trapézio, que determina importante alteração funcional da cintura escapular, dor e transtornos estéticos. Diversas são as causas para sua disfunção como lesões iatrogênicas, traumas penetrantes neuropatias virais, infecciosas, doenças sistêmicas ou mesmo causas idiopáticas.
Relato de Caso: Paciente masculino, 43 anos, internação devido a quadro de Covid-19 em maio de 2021. Internação prolongada durante 31 dias. Cerca de 45 dias após a alta hospitalar paciente inicia com queixa de dificuldade para extensão do ombro esquerdo, sem limitação para rotação do mesmo. Paciente sem histórico de trauma. Paciente relata início de alteração sensitiva na região lateral do antebraço. Optado pela realização de eletroneuromiografia que evidenciou mononeuropatia de nervo espinhal acessório esquerdo com moderado/intenso envolvimento motor, axonal, recente; mononeuropatia de nervo ulnar esquerdo e mononeuropatia cutâneo lateral do antebraço a esquerda. O tratamento de escolha foi o não cirúrgico. Paciente realizou 20 sessões de fisioterapia com foco em ganho de amplitude de movimento e ganho de força muscular. O mesmo apresentou completa recuperação de trofismo e força da musculatura do trapézio, assim como retorno da sensibilidade em território nervo ulnar.
Discussão: A paralisia do músculo trapézio por lesão do nervo espinhal acessório é uma patologia rara comparada com lesões periféricas. A causa mais comum de lesão é a iatrogênica. Lesões pós COVID 19 como no caso são raras e ocorrem devido a neurotoxicidade de medicações, drogas anti virais e fatores pré existentes. A paralisia do músculo trapézio influencia o equilíbrio dinâmico das forças musculares que atuam na cintura escapular, onde ele realiza o movimento rotatório da escápula sobre a caixa torácica, com o auxílio das suas porções (descendente, transversa e ascendente). Sob o ponto de vista biomecânico, a paralisia do trapézio determina uma queda do ombro, deslocamento lateral, e perda da estabilização medial da borda da escápula. O diagnóstico se caracteriza por sintomas como incapacidade de elevar ativamente o membro superior acima de 90°, a parestesia ao longo do braço devido a tração do plexo braquial, dígito percussão dolorosa sobre o triângulo cervical posterior, dor e fadiga no ombro e região escapular, ombro caído devido a hipotrofia do trapézio. A eletroneuromiografia (EMG) é fundamental para o diagnóstico definitivo da neuropatia de espinhal acessório, especialmente nas fases iniciais. No diagnóstico diferencial, devem ser consideradas a escápula alada por lesão do nervo longo torácico, radiculopatias cervicais e outras mononeuropatias. Como exemplo de tratamento conservador pode citar o uso de medicação oral, eletroterapia e fisioterapia. Já os meios cirúrgicos incluem neurotização e descompressões nervosas, dentre outras.