Introdução: O pé cavo varo sutil (CVS) é uma desordem do alinhamento do pé, de crescente relevância nas últimas décadas, caracterizada pelo discreto varo do calcâneo e flexão plantar do 1° raio. Diferentemente do termo pé cavo, classicamente associado a desordens neuromusculares, o pé CVS representa uma variante da normalidade e de origem desconhecida ou multifatorial. No exame físico, a observação da assimetria do coxim plantar na visão posterior do paciente em ortostatismo, com o achatamento de sua borda lateral, pode ser um sinal semiológico de grande valia no auxílio diagnóstico dessa condição. O teste clássico conhecido como “peek-a-boo” é realizado com visão frontal e a nossa proposta é que a assimetria seja observada em visão posterior.
Objetivo: Avaliar a assimetria do coxim plantar e o achatamento de sua borda lateral em pacientes com sintomas relacionados e alterações radiológicas compatíveis com alinhamento em varo do retropé.
 
Materiais e métodos: Foram atendidos em ambulatório do pé e tornozelo de um mesmo cirurgião, 11 pacientes com queixas diversas relacionadas epidemiologicamente ao pé cavo (instabilidade ligamentar lateral, lesão de fibulares, fraturas do 5º  metatarso, e outras dores na lateral do pé e tornozelo)  e submetidos a radiografias do pé e axial longo de calcâneo ou incidência de Saltzman. Todos esses pacientes foram fotografados em ortostatismo e em visão posterior e registrado a assimetria do coxim plantar, e correlacionado aos achados radiográficos.
 
Resultados: Todos os pacientes analisados com assimetria do coxim plantar e achatamento de sua borda lateral, nas radiografias em axial longo de calcâneo ou incidência de Saltzman,  foi observado um alinhamento em varo do calcâneo. Realizado ainda avaliação clínica com o teste de “Peek-a-boo”  que também apresentou 100% de positividade.
 
Conclusão: O sinal semiológico da assimetria do coxim plantar lateral, visto pelo  achatamento de sua borda lateral em visão posterior se mostrou uma ferramenta adicional e útil na avaliação e auxílio diagnóstico do pé CVS. Limitações do estudo foram o baixo número de pacientes avaliados, a falta de um grupo controle assintomático e com alinhamento neutro nas radiografias, assim como a padronização das incidências radiográficas na avaliação. Novos estudos incluindo o sinal semiológico devem ser desenvolvidos para sua validação.